Como alcançar suas metas?
Frequentemente nos questionamos por que, apesar de nossos esforços, não conseguimos atingir nossos objetivos. O que nos falta? Mesmo tendo força de vontade, em algum momento nos desanimamos e acabamos desistindo.
Quem nunca passou por isso na vida? Neste texto, iremos abordar alguns aspectos do funcionamento mental que devem ser considerados ao definir e perseguir objetivos. Embora não seja possível esgotar o assunto, apresentaremos algumas reflexões que contribuirão nessa jornada.
Observamos no dia a dia que, muitas vezes, sabemos exatamente o que queremos fazer, mas falta-nos a energia, a determinação e o entusiasmo necessários para seguir nossos planos. Sabemos o "que" fazer, mas frequentemente não sabemos "como" executar o que sabemos que deve ser feito.
Isso ocorre por diversos fatores, mas podemos resumir que o "que fazer" está na parte intelectual e consciente da nossa mente, enquanto a "execução" do que fazer está na parte emocional ou inconsciente.
Para ilustrar, analisemos o caso de alguém que fuma. Essa pessoa sabe intelectualmente que o cigarro faz mal à saúde e que deveria parar de fumar, mas não consegue. Por que isso acontece? Porque as razões para continuar fumando não estão na parte consciente da mente, mas podem estar associadas a benefícios imediatos e ganhos secundários que o cigarro proporciona, e que não podem ser abandonados devido a fatores emocionais contidos no inconsciente.
Como, então, podemos melhorar nossa capacidade de executar os planos?
Para responder a essa pergunta, vamos utilizar um exemplo prático.
Imagine que sua meta seja aprender inglês este ano. Você traça um plano, matricula-se em uma boa escola de inglês, ajusta sua agenda para frequentar aulas três vezes por semana e fica animado para iniciar bem seu projeto de ano novo.
No entanto, mesmo começando a estudar com entusiasmo, após alguns dias, um certo cansaço e desânimo começam a tomar conta de você.
Sua rotina inclui acordar cedo, trabalhar arduamente o dia inteiro e, em seguida, ir até a escola, sempre utilizando transporte público. Após as aulas, você chega tarde em casa, com fome e cansado, e mal vê a hora de tomar um banho, comer algo e relaxar no sofá ou na cama.
É compreensível que, após essa rotina, a chance de estudar inglês por mais algum tempo naquela noite seja muito pequena. Para superar esse cansaço, seria necessário ter uma motivação inspiradora que praticamente o impedisse de ir para a cama antes de terminar os estudos propostos. Caso contrário, a cama se torna muito mais atraente!
Sem um motivo claro e objetivo, vários obstáculos podem surgir: "Não vale a pena", "Mereço descanso", entre outros, abrindo espaço para desistir da meta proposta.
É por isso que é muito importante avaliar alguns aspectos em conjunto antes de definir um objetivo.
Mas o que isso significa? Lembra quando falamos dos aspectos conscientes (intelectuais) e inconscientes (emocionais) dos nossos desejos? Agora vamos trabalhar neles.
Antes de perseguir a realização de um objetivo, precisamos observar pelo menos três aspectos relacionados a ele: motivo, factibilidade e ecologia interna.
1) Motivo: O combustível para a realização de objetivos.
É surpreendente quantas pessoas negligenciam essa parte tão importante para o sucesso na busca de metas. Eu arriscaria dizer que é tão crucial que, se não for bem definida, a probabilidade de êxito pode cair consideravelmente.
No exemplo dado anteriormente sobre a pessoa que deseja aprender inglês, se perguntarmos por que ela está fazendo esse curso, ela pode responder: "Porque é bom saber outra língua e isso irá enriquecer meu currículo".
Agora, pense um pouco sobre essa resposta. Apesar de ser verdade, a frase em si não traz uma perspectiva real sobre a objetividade e a concretude do benefício e do impacto em sua vida. Quero dizer, ao final do curso, qual será o benefício tangível (além de apenas saber outra língua para o currículo de maneira genérica) que realmente tornará o investimento de tempo e dinheiro nesse curso valioso? Internamente, pode parecer apenas "bom" aprender inglês e que um dia pode ser útil, o que sinceramente não parece inspirador, especialmente considerando a disputa interna por recursos e tempo escassos.
Perceba que, se eu não tiver uma convicção do tipo: "Preciso fazer esse curso agora porque meu chefe me disse que a falta dessa habilidade é o único obstáculo para minha promoção tão desejada!", eu poderia facilmente desistir do curso diante da primeira dificuldade encontrada, por não ter a importância objetiva necessária para ter prioridade na execução.
Se existe uma razão objetiva e concreta, irei buscar as forças e os recursos necessários para alcançar a meta, independentemente do grau de dificuldade. Isso é o que chamamos de motivação, o motivo que nos impulsiona à ação. Comparo o motivo para fazer algo ao combustível que alimenta a força necessária para buscá-lo.
2) Factibilidade:
Nesse ponto, precisamos avaliar se acreditamos ter as habilidades ou recursos necessários para alcançar a meta e se consideramos que o objetivo é possível de ser atingido.
Aqui, destacam-se dois aspectos: a minha própria competência em alcançar o objetivo (minha capacidade) e se o objetivo é alcançável por outras pessoas.
Isso é importante, pois se acreditarmos que buscar essa meta é desperdício de tempo por ser impossível de ser alcançada (por qualquer motivo que seja), por que continuaríamos perseguindo-a? Certamente, não teríamos a determinação necessária para superar as dificuldades que certamente surgirão no caminho.
Quanto à própria competência, crenças limitantes como "Estou com medo de fazer esse curso porque sempre tive dificuldades com línguas!", "Nunca consegui aprender outros idiomas!", "Será que agora vai dar certo?" ou "Tenho medo de falhar novamente!" certamente atuarão como bloqueios para nossa capacidade e podem desencadear (inseguranças e dúvidas) que minam nossa confiança. Nesses momentos, é importante reconhecer que habilidades podem ser aprendidas e desenvolvidas com esforço e prática contínuos. Além disso, buscar apoio, como aulas extras, tutoria ou recursos de aprendizado, pode fortalecer nossa confiança na factibilidade de alcançar o objetivo.
3) Ecologia interna: Respeitando nossos valores e regras morais internas.
A ecologia interna refere-se ao alinhamento do nosso objetivo com nossos valores pessoais e com as regras morais que guiam nossas ações. Podemos perguntar a nós mesmos: "Ao perseguir esse objetivo, estou indo contra algum princípio ético ou moral que considero importante?"
É fundamental que nossas metas estejam em harmonia com nossa visão de mundo e não entrem em conflito com aquilo que consideramos certo e errado. Caso contrário, podemos nos sentir desconfortáveis, em conflito interno e, no fim, abandonar o objetivo.
No exemplo do aprendizado de inglês, se eu souber que a escola que estou frequentando utiliza métodos que não condizem com meus valores educacionais, isso pode gerar um conflito interno que prejudicará minha motivação e comprometimento.
Portanto, é essencial considerar não apenas a realização do objetivo em si, mas também como ela se encaixa em nossa visão de mundo e nas regras morais que regem nossa vida.
Em resumo, alcançar nossas metas envolve uma combinação de motivação clara e objetiva, a crença na factibilidade do objetivo e a consideração da ecologia interna, ou seja, a harmonia com nossos valores e regras morais. Ao ter esses aspectos em mente, estaremos mais preparados para superar obstáculos e persistir em direção ao sucesso.
Comments